"Quem quer agradar a todos não agrada a ninguém! É uma frase de Jean Jacques Rousseau, #humildemente acrescento, "Quem quer agradar a todos não agrada a ninguém, nem a si mesma!"
Refletindo sobre o assunto, para Sócrates, o importante era ter em mente que todos seus conceitos de vida podem estar errados. Por isso, precisam ser examinados até que provem ter #lógica. Mesmo que isso traga impopularidade. Até porque, ninguém consegue ser popular e #agradar a todos. Nesse contexto, frequentemente negligenciamos nossa voz interior no sentido de manter a #cordialidade entre as pessoas com quem #convivemos, seja presencialmente, seja no vasto universo online. No entanto, há uma pergunta que não pode ser ignorada. Qual o limite na ação de agradar?
Nesse sentido, há uma necessidade #essencial que é do próprio indivíduo, que urge ser ouvida por si próprio e que deve ser preservada, e somente é possível sabê-la fazendo algumas perguntas: Quem sou eu? Qual o meu propósito? Qual a minha obra? Que diferença quero fazer nesse mundo? Qual meu lugar no mundo?
Outro dia um amigo postou em seu instagram, que a pergunta "Quem sou eu?" não se faz, que o indivíduo tem obrigação de saber quem é. Embora eu não concorde, estou em uma fase de não #discordar da opinião de ninguém em redes sociais, se eu concordar curto e as vezes se tiver algo importante a acrescentar, comento, se não concordar tem passado batido, é que as discordâncias nas redes sociais tem sido mais combustível para #conflitos que #diálogos que poderiam ser construtivos de fato.
Contudo, toda discordância em mim, tem sido constantemente veículo para profundas reflexões, acredito que Freud tem um pouco a ver com isso, quando esclarece que o que me incomoda no outro fala mais de mim que do outro, e claro, me coloquei em análise (o amigo Felipe acredito, que ficaria bem feliz ao me #ouvir dizendo isso, afinal, foi ele quem me empurrou para os braços de Freud, e assim entre Freud, Jung e Nietzsche vou sempre me encontrando, me reconhecendo).
Voltando para o assunto #AGRADAR ou #DESAGRADAR, vejamos, os maiores filósofos da nossa história fizeram variavelmente as perguntas:
Quem sou eu?
Qual o meu propósito?
Qual a minha obra?
Que diferença quero fazer nesse mundo?
Qual meu lugar no mundo?
Se abrimos para um contexto contemporâneo, Mário Sérgio Cortella em seu livro intitulado "Qual é a tua obra?" nos convida a essa #reflexão. Claro, que o livro abrange a ideia de trabalho como castigo que precisa ser substituída pelo conceito de realizar uma obra... Enxergar um significado maior na vida, aproxima o tema da espiritualidade do mundo, do trabalho e do próprio eu. Alguns pensadores dizem que Mário Sérgio Cortella é filósofo do óbvio, eu acrescento, se não aprendemos o óbvio, ele precisa ser dito, estudado, amplamente debatido. Quem sou eu? Trata-se de uma pergunta óbvia que nem todos sabemos responder com #profundidade. Desde a antiguidade até os dias atuais, filósofos continuam fazendo essa pergunta, é de certa forma, criando um meio de ampliar nosso olhar para o nosso interior e a forma como vemos e lidamos com uma sociedade em constante transformação.
E o que "Quem sou eu?" tem a ver com "Quem quer agradar a todos não agrada a ninguém, nem a si mesma!"? É preciso saber quem somos para desagradar. E desagradar a outros e a sociedade em geral, acredite, será preciso em muitos momentos para que não desagrademos e esqueçamos a nossa própria essência.
Outro dia, em um dos meus podcasts um colega enviou a seguinte mensagem via áudio:
Nossa, que horror! Que porcaria é essa? A escritora não tem em nada haver com a entrevistadora, tá uma porcaria isso aí. E com uma voz que me parecia embriagada de tanto deboche continuou... Se forem ser essas porcarias, não escuto nunca mais! (o que de fato me horrorizou, não foi a crítica, até estou muito acostumada a não dar importância a críticas construtivas daqueles que frequentemente nada constroem. O que me incomodou foi o deboche, o tom jocoso de quem se acha acima das outras criaturas viventes, onde sua opinião, sua intelectualidade, expectativa e instruções deveriam ser amplamente ouvidas e atendidas na mesma hora, em sua ausência total de modéstia, o colega não percebeu o óbvio).
Imediatamente, antes de ouvir seus inúmeros áudios fiz as minhas perguntas chaves:
Quem sou eu? Qual o meu propósito? Qual a minha obra? Que diferença quero fazer nesse mundo? Qual meu lugar no mundo?
Então, munida do direito de me agradar, eu o desagradei pela segunda vez, agradeci, deletei todos os audios, todas as mensagens e me permitir não me contaminar, para não deixar de ser quem sou.
Entendendo que vou errar e acertar, vou amadurecer nessa minha auto lapidação constante, que é minha, que é individual, e no qual, não devo transferir para ninguém. De fato, se o podcast estiver ruim ou não, permanecerá lá, ativo para quem quiser ouvi-lo, faz parte do meu processo de #evolução, aprendizado, maturidade e não cabe a ninguém me julgar por esse processo. Nós não podemos dar essa permissão a ninguém, pessoas que não calçam nossos sapatos sociais, não conhecem nossas feridas, e tão pouco os dramas de vida que vivenciamos, não tem esse direito. Esse direito é nosso, e é intransferível.
A vocês minhas queridas leitoras e ouvintes do podcast, jamais pedirei desculpas por ser quem sou. Sou fã da Marília Gabriela, da Tati Bernardi, da Marta Medeiros, do Leandro Karnal, do Cortella, da Clarice Lispector, Raquel de Queiroz entre inúmeros outros, os leio e até me espelho. Tenho a obrigação social de acordo com as minhas convicções de deixar diálogos serem leves, minhas entrevistadas devem ficar a vontade e ser livres para expor suas realidades, um espaço que é delas, e no qual estou abrindo na tentativa de enxergar o mundo por outras perspectivas, como antropóloga a própria etnografia me coloca no lugar do outro, para ouvi-lo, permiti-lo, compreende-lo, e é preciso entender que para compreender, todo compreender é afetivo, e não há empatia onde não há afetividade.
Ainda assim, meus gostos e preferências jamais me definem, apenas compõem a vastidão de ser quem sou. Não nascemos para ser medíocres, nivelados nas opiniões alheias, nascemos para a glória, para um bem maior, e isso, não pode ser copiado, isso é conquista. Deve ser cultivado e nutrido através da evolução em nosso próprio eu.
Quanto ao colega, compreendi que este apenas não faz parte do público do meu podcast, poderia ser, ainda assim, não é. É necessário ter #empatia e compreensão pelo universo feminino, o que se torna muito complexo, em uma sociedade ainda muito patriarcal, machista e misógina.
E plenas do direito de não nos desagradarmos. Sempre que for necessário, para ser quem somos: DESAGRADEMOS!
Muito obrigada por me ler até aqui.
Um imenso abraço fraternal
Ps: Raquel Marinho, eu mesma!
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